Uma coleção é normalmente identificada como um conjunto de bens, ligados a um tema, com maior ou menor dimensão, em cujas origens esteve uma ou várias pessoas e em que diversos motivos podem ter levado à sua constituição.
2500 reis - 20/03/1877 |
Muito raramente numa coleção existe um fio condutor, em que determinado tema vai das origens ao fim ou possui a totalidade, ou quase, dos objetos que dela fazem parte e consegue informar os públicos da evolução que sofreu.
E porquê? Porque, por vezes, são vários os colecionadores que formaram tal conjunto, com critérios diferentes ou, pior, ainda, sem qualquer critério. Quantas vezes, encontramos mais um “aglomerado” de objetos do que uma coleção no seu autêntico sentido da palavra. |
Quantas vezes em Museus particulares ou Casa Museus encontramos uma enormidade de peças sem ligações entre si, ou sem fio condutor que lhe dê sentido.
Normalmente, é nato o espírito de coleccionador. Tem critérios seletivos, tem um objetivo, consegue dar um sentido pleno à coleção, isto é, há um fio condutor em que a evolução dos bens que constituem o tema ou a história que se quer contar atinge o fim pretendido junto dos públicos. |
1000 reis - 01/10/1867 |
O Dr. Alberto Correia de Almeida, administrador durante quarenta anos da Fundação António Cupertino de Miranda, enquadra-se nesta descrição de coleccionador.
Longe estava o nosso administrador de pensar, quando ao adquirir com dezoito anos uma nota antiga de vinte Escudos, que iria conseguir o mais completo conjunto de documentos fiduciários existente no nosso País, cujo núcleo central são notas portuguesas (Portugal Continental e Ex- Colónias) de todas as chapas e algumas de todas as variantes de datas e de valores. A este conjunto ímpar juntam-se apólices do Real Erário, cédulas, ações, lotarias, papel selado, cheques, letras e fichas.
5 rupias - 01/12/1896 |
2500 reis - 02/01/1908 |
5000 reis - 02/01/1908 |
Pode dizer-se que foi toda uma vida dedicada a esta paixão, um dia a dia em que a persistência, espírito de busca, seleção, permanente melhoria de exemplares e, principalmente, a organização de um conjunto em que os exemplares de menos interesse foram colocados de lado, ou por serem de pormenor sem relevância para os públicos ou por serem provas ou ensaios de notas não emitidas, assim tornando a coleção muito mais atrativa para o visitante que contate pela primeira vez com o tema.
1000 reis - 20/02/1906 |
No Museu do Papel Moeda encontra-se uma evolução dos diversos documentos representativos do dinheiro, nas suas mais diversas formas.
Da primeira à ultima nota, cheque ou ação é possível observar-se a evolução técnica dos valores, ou mesmo do contexto político em que muitas vezes foram emitidas e ao qual está ligado o próprio tema do documento. |
Quando a Fundação reabriu as suas portas, após o encerramento de dez anos motivada pela necessidade de refazer o seu património, após o ter quase completamente perdido com a revolução de 1974, o Dr. Alberto Correia de Almeida transferiu a sua pequena mas já criteriosa coleção para a Fundação.
Dia após dia, foi conseguindo exemplares, em Portugal e principalmente no estrangeiro, que permitiram constituir o que se poderá designar por uma verdadeira coleção de estado e que constitui o Museu do Papel Moeda.